segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

PRESENÇA 1

O doente em fase terminal precisa de um elo de ligação entre o hospital aonde se encontra e o meio familiar em que estava integrado. E num local em que os pacientes vivem o dia a dia com o máximo de pequeninas coisas que lhes trazem uma certa qualidade de vida, a presença da família é de grande importância...vinda do exterior traz as noticias da vida que brota lá fora, o falar disto, ou daquilo que se está a passar lá em casa leva o doente a sentir-se participante nessa mesma família e não cortado abruptamente.
Uma presença humana, profunda e sincera pode ajudar sempre alguém a não se sentir só ao atravessar esta ponte da vida para a outra vida passando pela morte.
Quantas vezes apressadas não sentem a importância de certos gestos de certas palavras de certos actos.
A qualidade da presença, pode contribuir muito para o bem-estar do paciente.
Nós enfermeiras (os) podemos contribuir, ajudando a que certas presenças sejam “remédios” de paz e tranquilidade, basta compreensão, comunicar... e ensinar como comunicar mais e melhor, não há nenhuma teoria especial mas se estivermos atentos a certos gestos, certas palavras ditas e outras não ditas, pudemos com a nossa presença sermos muito úteis.
A firmeza da nossa postura, como enfermeiros ou outros cuidadores, e nestes eu coloco a família é muito importante.
A sinceridade em tudo o que fazemos, nas palavras que falamos e nos gestos que aplicamos.
Digo: “aplicar um gesto”. Sim um gesto bem aplicado pode ter o mesmo efeito que um medicamento falo de cuidados paliativos.
Quantas vezes um doente hiper agitado, mesmo agressivo, depois de uma conversa, com um gesto muito atento na qualidade dum estender de mão leva á sua tranquilidade?
Muitas e disso eu sou testemunha.

Passam-me pela cabeça muitos casos, lembro-me daquele cirurgião argentino que tinha a esposa hospitalizada em cuidados paliativos, quando chegava para a visita pedia-me sempre que fosse com ele ver a esposa.
A esposa estava em estado de coma, mas ele falava para ela como se ela lhe estivesse a responder-lhe curioso este dialogo era mesmo um dialogo havia comunicação, nunca me deu ideia de um monólogo, e eu assistia todos os dias a esses 15 minutos de conversa, ele aproveitava sempre para lhe dar a comida pela sonda naso-gástrica, ele dizia-me que tinha necessidade de fazer aquilo.
Intrigava-me este senhor, primeiro sentia-me uma intrusa naquela conversa... ficava sempre em silêncio, não tinha palavras, depois de tantas vezes presenciar estas cenas sempre em silêncio tentei fugir do cenário.
Mas o Sr. X veio pedir-me para ir com ele, perguntei-lhe mas para quê?
Ele respondeu-me: O seu silêncio fala-me sempre muito.

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