sábado, 24 de março de 2012

SILÊNCIO E LIBERDADE


Ao escutar o Teu silêncio no meu corpo, dou asas ao meu voar
Adenso os mais altos lugares, lá onde o sol se faz Luz.
Palpo a escuridão em pez duro de cerviz.
Nada me perturba, nem a dor, nem a fome...
Incomoda-me a mentira

Estás comigo? Eu sei.  
.
E a sabedoria não é mais que desalinhar ideias precárias.
Já que a noite dos meus pesadelos se afoga no Teu olhar
E os prados verdejantes da minha alma crescente
Espanam a falência do meu espírito.

Nada sou...

A minha ignorância precavida, encara a sabedoria traiçoeira...
Mais sábio que o sábio é quem tem a dúvida. “Nada sei “.
O ignorante? Esse cinge as rédeas e segue com seu burrico.
E na solidão coloca o silêncio das barricadas do destino.

Estou contigo.

“A liberdade cria-se para melhor se encontrar...”

Cristo entregou-se (Ef 5,25)

Utilia Ferrão
Retirado do meu blog   http://demaosdadasnacaminhada.blogspot.com
Tanta vez o silêncio nos fala... É nele que se revelam os grandes mistérios

LÁGRIMA NÃO PERDIDA


Aí ... mas de que serve imaginar
Regiões onde o sonho é verdadeiro
Ou terras para o ser atormentar ?

É elevar demais a aspiração,
E, falhado esse sonho derradeiro,
Encontrar mais vazio o coração.

Fernando Pessoa, in Soneto XXXIV
A lágrima caía fazendo um sulco naquela cara rugosa.
Eu queria pegar nela, perguntar-lhe:
_Porque queres nascer, para morreres tão depressa e caíres logo esquecida?
E a lágrima tornava-se cada vez maior,
Tinha sabor a sal, sabor a água, mas era uma lágrima.
Descuidei-me e ela caiu na minha mão.
Confundida no sofrer do outro, procurei a dor mas só encontrei a Vida.
Voltei-me para o sol e senti que não conseguiria viver outro momento igual a este
Ele era único, intenso, meu e só meu, agora e aqui,
Por isso saboreei-o.
Nunca mais voltará...
È o momento de uma lágrima, uma lágrima que agora sorria.
Só quem vive intensamente cada segundo pode compreender o segredo da lágrima
Utilia Ferrão

Do meu blog “DE MÃOS DADAS NA CAMINHADA”
E as lágrimas se fossem analisadas encontrar-se-iam não simples moléculas de água mas sim: amor, dor, tristeza alegria também.
A lágrima que quiseres escolher.

sexta-feira, 23 de março de 2012

GESTOS SIMPLES QUE SÃO MAIS VIDA


Óleo de perfume põe em festa o coração e a doçura de um amigo vale mais que o conselho de si mesmo
Provérbios 27:9 "
SORRIA

Imerso em certos problemas
Fica-se o sorriso fechado no cofre da alma

Ele que é solução para tanta dor...
Envolvido no amor-próprio,
Apaga-se como uma luz frágil...

Esquece-se que é remédio para um coração triste

Hoje, Vamos espalhar sorrisos, pelo mundo inteiro, e convictos de que o sorriso alegra o coração, transforma os rostos, dá alegria, vamos abrir-lhe as portas, libertá-lo da alma cativa.

Sorria...Sorria...Não saia daqui sem levar um sorriso.
Mesmo se não conseguiu levar mais nada.
Leve este sorriso.
Se Passar sorria, se ficar sorria.

O meu sorriso será sempre para ti: quem quer que sejas.
Onde quer que te encontres.
Saberás verificar o seu sabor, a sua cor, a sua luz, a sua intensidade, a sua humildade e a sua Esperança.
Simplesmente sorri.
Utilia Ferrão
Retirado do meu blog  http://demaosdadasnacaminhada.blogspot.com

Gestos simples que podem modificar a vida de alguém e sobretudo se  está triste.
E é assim que tantas vezes contagiamos os nossos pacientes distribuindo doses de sorrisos...

quarta-feira, 14 de março de 2012

O NOSSO OLHAR E A VERDADE



Cada vez que sorris a alguém, realizas um acto de amor"
Madre Teresa De Calcutá.


Relembrando o primeiro congresso sobre A vida e A Morte, em Novembro de 1996

Franck Ostassesk. alerta-nos para não nos tomarmos por salvadores.


Sabermos distinguir utilidade e identidade.

Devemos estar atentos aos sentimentos de poder...


Vamos reflectir sobre estes passos importantes que nos podem ajudar a compreender certas reacções do paciente e certas insatisfações do acompanhante .
 Retirado do meu blog  DE MÃOS DADAS NA CAMINHADA
Tantas vezes a nossa posição, pelo que somos, pela profissão que desempenhamos ou pelo cargo que assumimos no seio de uma equipa leva-nos mesmo a compreender certas reacções que muitas vezes esmagam todo o trabalho que o paciente procura fazer para viver como qualquer outra pessoa com as capacidades que tem.
Lembro-me daquele paciente que conseguiu um carrinho para se deslocar sozinho.  
A alegria que ele teve quando pela primeira vez foi capaz de ser "independente" depois de dois anos de luta.

Ele dizia: "Já não sou um coitadinho"

O que mais me custa, é que olhem para mim, e ver na cara das pessoas, ou entender por palavras ou até por gestos a reacção que causa nos outros as pernas que não tenho...”

Muitas vezes palavras que até parecem piedosas são inadequadas.
Lembro-me de uma doente que um dia me perguntou se voltaria a caminhar.
Muitas vezes os enfermeiros são confrontados por perguntas directas, olhos nos olhos.
Foi o que aconteceu comigo.
Perante tal pergunta disse-lhe a verdade, que
não caminharia mais...
E ela reforçou a pergunta:
-Nem mesmo com a minha bengala?
disse, não...

Depois de ter respondido, fiquei um pouco incomodada, a paciente deu conta...
E avançou na conversa dizendo: Eu não fiquei triste com a resposta que me deu, mas ficaria triste se me tivesse mentido, porque eu sei a verdade.
Os pacientes esperam de nós honestidade nos nossos cuidados, esperam profissionalismo e também humanismo.
Um relacionamento verdadeiro.
Utilia Ferrão

segunda-feira, 12 de março de 2012

PRESENÇA: AUSENCIA


OUTONO



Quando os números já não são matemática.
Nem as flores palavras.
Nem a alma conhece o destino
Nem o pensamento opina? 

É a Vida, eu sei.

E as folhas do Outono que teimam em cair…

Caiem como meteoros desfragmentados, 
Contra as paredes do destino.
Retornando ao solo que as absorve.

É a Vida, eu sei

E as folhas do Outono que teimam em espalhar-se…

Resta-nos sim, algo…”Aquela Força”. Que as move.
Ver aquelas árvores abanando os restos dum Verão Escaldante 
Sobre a Terra que as ampara, não deixa de ter o seu sentido.

É a Vida, eu sei

E as folhas do Outono que teimam em encontrar-se…

Frágeis… sofrendo dignamente os abanões do Outono.
E aquelas pérolas de seiva que correm dentro das recordações,
Aonde passaram?

Sim, eu sei e vós também, todos sabemos é a Vida.

Folhas de tantas cores, nenhumas se parecem com a cor da saudade



Cansadas de estar no topo da árvore caiem por terra.
E ilesos para verem as folhas caírem,  
E sentirem a luz terna do sol, baixando no horizonte,

Resta-nos sim, algo …”Aquela Força”.

E as folhas do Outono deixam um segredo: as Primaveras voltarão com outros rebentos: 

Utilia Ferrão

Aquele estado da vida antes de chegarem outras Primaveras...
Poema retirado do blog DE MÃOS DADAS NA CAMINHADA
Utilia Ferrão