quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

PRESENÇA 4


Vi, eu também muitos silêncios falar... vi muitos familiares completamente desorientados sem saberem o que fazer em momentos de fim de vida do seu familiar e, por vezes notava uma critica grande que eu não compreendia a razão mas... chegava á conclusão que esta vinha quase sempre do querer dar e não saber o quê do querer fazer e não conseguir, porque o controle da situação escapava.
Ao falar com eles, ao aproximar-me e explicando o porquê de certas reacções deste seu familiar, e colocando-o de modo a fazer algo, por exemplo dar-lhe comida, ajudar a colocá-lo na cadeira, passeá-lo um bocadinho, contar-lhe um pouco do que se estava a passar em família lá em casa, estabelecer em certos casos o contacto pelo toque. tudo isto dava uma certa tranquilidade ao paciente e diminuía as tenções familiares.
Sou enfermeira e tenho alguma experiência neste campo, tenho investido bastante no
acompanhamento destes doentes e familiares e verifiquei que tanto nos médicos como nos familiares como nos enfermeiros o mais difícil no acompanhar, é "o não fazer nada",
Se assim se pode chamar "não fazer nada", porque para mim no campo do acompanhar, há sempre algo a fazer até ao fim.
Projectos até ao fim.

o doente que se encontra no hospital, está muitas vezes preocupado com os filhos com os pais ou outros membros da família até ás vezes com o cão ou até o gato.
Razões suficientes além de outras, para que a angustia seja maior e tantas vezes o doente esteja triste e não fale.
Claro que se os familiares trouxerem notícias diárias do que se passa em casa, ele participa e sente-se da família, integrado nela, mantendo o forte elo de ligação.
A família é sempre muito importante para o pacientemente de "Portas que se podem abrir"
Eu diria mesmo tudo se pode renovar até mesmo as construções mais antigas.
Claro que é necessário saber reconstruir, ter vontade, e ter também alguma ajuda.
Lembro-me agora nem sei porquê do que li :

Em Terceiro Isaías 58, 6-8 
Libertar os que foram presos injustamente.
Pôr em liberdade os oprimidos 
quebrar toda a espécie de opressão repartir o teu pão com os esfomeados
......
Então a tua luz surgirá como a aurora
Dedicado e assinado para ti...

De repente, falta-me a tinta e as palavras.
O sentir não sabe escrever. Age.
Abro páginas e páginas... escreveram tanto?
Escrevi tanto,
Vivi tanto...
Senti tanto...
Amei muito...Amo e Amarei.

Nada retive. Apenas assinei.
Nada disse: Falou o coração.
Poupei silêncios e juntei ilusões

Resmas de duvidas... agora verdades, “sins” e “nãos”.
Tudo verdade.
Neste carrossel da vida.
Espalharam-nas sim. Tentei apanhá-las, sabes?


Voaram minhas... as palavras na ilusão dum castelo iluminado.
Descalcei as luvas, peguei em mim e olhei-me bem nos olhos.

Vi o reflexo do, tal qual eras foste e serás.
O Segredo pousou de galho em galho.
Não desistas, dizia ela. Tinha razão
Utilia Ferrão

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